sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Os filhos


On Children
 Kahlil Gibran

Your children are not your children. They are the sons and daughters of Life's longing for itself. They come through you but not from you, And though they are with you yet they belong to themselves. You may give them your love but not your thoughts, For they have their own thoughts. You may house their bodies but not their souls, For their souls dwell in the house of tomorrow, which you cannot visit, not even in your dreams. You may strive to be like them, but seek not to make them like you. For life goes not backward nor tarries with yesterday. You are the bows from which your children as living arrows are sent forth. The archer sees the mark upon the path of the infinite, and He bends you with His might that His arrows may go swift and far. Let your bending in the archer's hand be for gladness; For even as He loves the arrow that flies, so He loves also the bow that is stable.

Música e letra do Propheta do Kahlil Gibran sobre os filhos.


Quando fiz o Caminho de Santiago Francês, foi este o livro que me acompanhou e também, a banda sonora do filme de animação sobre o livro. Duas obras que recomendo!! Mas, passemos ao que me levou hoje a escrever.

"O meu filho..." "A minha filha..." Acho que todos nós, pais, começamos, milhares de vezes, frases sobre os nossos filhos, com estas palavras. Tudo bem, parece mostrar amor, responsabilidade, atenção até. Será que sim? Este poema começa exatamente com a contradição dessa "posse". De facto, não somos possuidores dos nossos filhos. Não foram algo que compramos, nem algo que pertença à nossa lista de artigos. Não entram no nosso rol de aquisições e nem farão nunca parte do nosso testamento. Contudo crescemos numa sociedade em que "damos" a nossa filha em casamento; onde, ainda há bem pouco tempo, pagávamos dotes; onde frases como " enquanto viveres debaixo do meu teto fazes o que eu mando"; são prática comum, e por vezes até, inquestionáveis. 

Os nossos filhos pertencem a eles mesmos e a mais ninguém. A vida que vivem e viverão não é de mais ninguém senão deles mesmos. Ser pai e mãe é só única e exclusivamente, uma aprendizagem de dádiva - e que aprendizagem!! Começamos por dar a nossa informação genética e uma carga histórica familiar. De seguida, presenteamo-los com medos e inseguranças, com a nossa própria vida e com as espectativas que temos deles e daquilo que serão. Não, não, não! (Temos de o dizer 3 vezes para que o nosso cérebro consiga ouvir) 

Ser Pai e Mãe é sem duvida alguma uma aprendizagem de dádiva, mas, como adultos, devemos Ser conscientes dessa dádiva. Ter a capacidade de crescer juntos, de acreditar e aceitar quem os nossos filhos São! Porque eles são o seu próprio produto. É uma dádiva "em queda livre", de fé nas infinitas possibilidades de cada um dos nossos filhos. Esses Seres do futuro que resolveram partilhar algum do seu tempo terrestre connosco. 

Abram os braços, fechem os olhos e sintam o abraço de quem partilha um caminho- o caminho da Vida.