quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Apetece-me Brincar




­­­Quando nos dispomos a mudar, a brincar com as possibilidades da vida, ou seja, percorrer o nosso caminho com a leveza com que uma criança prefere morango a chocolate na hora de escolher o sabor do gelado - progredimos!
Aliás, e apesar de lugar-comum, devíamos escutar mais o nosso lado infantil.
Contudo, nestas minhas verdades, vejo cada vez mais uma terceira que, em lugar de me alegrar, me atormenta.
Onde estão as crianças das nossas crianças? O que faz esta realidade a todos nós que esconde as crianças. Vocês podem dizer-me que não é assim. Que antigamente é que era, os países subdesenvolvidos, o trabalho infantil, blá, blá, blá. NÃO.
Hoje, e apesar de tudo o que queremos dar aos nossos filhos, de toda a informação de que dispomos, temos cada vez mais crianças com stress, défice de atenção, hiperatividade, e um sem número de “adultices agudas”. As nossas expectativas estão a “esconder” as crianças? O nosso próprio stress está a “esconder” as crianças? O sistema educativo está a “esconder” as crianças?
E nós, eu e vocês, vamos parar e ouvir as nossas crianças. Vamos ajudar os nossos filhos, primos, amigos a ser crianças? Ou vamo-nos deixar engolir pelo que sabemos e sentimos que está mal, e nada fazer?

as percistirem.

Por mim, acordem todas as crianças! Apetece-me Brincar…ria colectiva da palavra Saudade.mos e/ou familiares.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Reconhe-Ser

“E todo o tempo que não é reconhecido pelo coração fica perdido como as cores do arco-íris para um cego ou a melodia de um passarinho para um surdo. Mas existem infelizmente, corações cegos e surdos, que nada reconhecem, apesar de baterem.” Michael Ende in Momo.

Pois é! Há uns tempos atrás perdi-me. Deixei de reconhecer o tempo com o coração. E é tão fácil fazê-lo! Essa marca do passar pelas coisas, de vivê-las. Esse “contador” de dias, horas, segundos é tão óbvio e presente que, nos esquecemos da sua existência.
Mais surpreendente é que no há tempo sem coração, sem emoção, sem sentidos, sem Ser. Por vezes, ficamos presos num tempo que foi e não voltará nunca ou vivemos na expectativa de um futuro que virá. O resultado desta equação existencial é o nada reconhe-Ser. Porquê?
Deixamos de sentir o momento, de o viver, apreciar. E pior ainda, sem essa consciência, sem esse reconhecimento da vida que passa, será que podemos dizer que vivemos? Eu acho que não.
Por isso, iniciei um processo de reconhe-sentimento. Talvez este processo não tenha sido consciente mas foi acontecendo e que “admirável mundo novo” re-descobri!

Maravilhar-me da simplicidade de tudo o que é agora, viver o tempo presente, sentir no momento sem ter a ansiedade como convidado indesejado. Claro que continuo a relembrar, só que com mais ternura e clareza. E quanto ao futuro…será com toda a certeza …novo.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A Resposta estava em casa!

«Uma busca insensata
Uma mulher procurava ansiosamente alguma coisa à volta de um farol. Então, um transeunte que passou junto dela deteve-se para comtempla-la. E não pôde senão perguntar:
- Cara mulher, o que perdeu? O que procura?
Sem deixar de se lamentar, a mulher, com a voz entrecortada pelos soluços, respondeu com dificuldade:
-Procuro uma agulha que perdi na minha casa, mas como lá não há luz, vim procura-la junto deste farol.»
 p.170 “Os melhores contos espirituais do oriente”, Ramiro Calle, A esfera dos livros

Isto de escrever não é fácil. Especialmente se eu não souber sobre o quê! Andei por aqui à deriva estes quinze dias, a cozinhar, deliberar e pensar.
Sobre mim!
Só posso escrever sobre mim! É pá, mas isso não é nada fácil. Dói. Invade. Confunde. Escuta. Testemunha. Dá a conhecer. Mas tem de ser!
Aqui vai então, em suaves tragos de invasão, eu.
Só poderia começar pela música… e como escreveu tão bem (e que me encheu de orgulho) a minha filha Clara:
«Música é amor.
Se eu a tivesse, insistia para calar o silêncio e te abraçar.»
Ao longo de toda a minha existência consciente (e na inconsciente também) a música esteve sempre lá. Não sou capaz de conceber uma existência sem ela. À parte dos gostos (esta é para ti B. LOL) e preferências a música guia-me e ensina-me há 40 anos.
Que melhor forma de recordar do que a de ouvir uma música…somos imediatamente transportados no tempo para o momento certo, para os cheiros, sabores e emoções que a ela estão associados. Nada disto tem qualquer novidade mas, será que o valorizamos? Que o usamos de forma consciente?
As músicas podem salvar-nos a vida! E sim, acredito plenamente nisso. Usem a música, passeiem por esses estados de espírito antigos e novos. Desfrutem de cada nota, de cada som, de cada palavra…porque muitas músicas têm a sua força nos poemas que as acompanham.

E mais uma vez, como disse a Clara, abracem a vida com o amor da música!